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7 de abr. de 2016

608 a 610 O Livro dos Espíritos - O homem e os animais

O Livro dos Espíritos

O homem e os animais


608. O Espírito do homem, após a morte, tem consciência das existências anteriores ao seu período de humanidade?(1)
   


– Não, porque não é nesse período que se inicia para ele sua vida de Espírito e é até mesmo difícil se lembrar de suas primeiras existências como homem, assim como o homem não se lembra mais dos primeiros tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio de sua mãe. É por isso que os Espíritos dizem que não sabem como começaram. (Veja a questão 78.)


609. O Espírito, entrando no período de humanidade, conserva traços do que foi antes, do período que se poderia chamar pré-humano?


– Depende da distância que separa os dois períodos e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ter sinais mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição brusca, sempre há anéis que ligam as extremidades das cadeias dos seres e acontecimentos; mas esses traços se apagam com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos se realizam muito lentamente, porque ainda não estão alicerçados, determinados pela vontade; mas eles seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire uma consciência mais perfeita de si mesmo.


610. Os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na ordem da Criação estão enganados?


– Não; mas a questão não foi explicada e, aliás, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, de fato, um ser à parte, uma vez que tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outra destinação. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.



(1)   As perguntas feitas aos Espíritos e as repostas destes estão em grifo. As notas de Allan Kardec estão entre aspas. 

28 de mar. de 2016

605 a 607.b - O Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos

605. Se considerássemos todos os pontos de contato entre o homem e os animais, não poderíamos deduzir que o homem possui duas almas: a alma animal e a alma espírita e que, se não tivesse essa última, poderia viver como o animal? De outro modo, pode-se considerar que o animal é um ser semelhante ao homem, tendo menos alma espírita? Isso não significaria que os bons e os maus instintos do homem seriam o efeito da predominância de uma dessas duas almas? (1)

– Não. O homem não tem duas almas; mas os corpos têm instintos que são o resultado da sensação dos órgãos. Há nele apenas uma dupla natureza: a natureza animal e a natureza espiritual. Pelo seu corpo, participa da natureza dos animais e seus instintos; pela sua alma, participa da natureza dos Espíritos.

605.a Assim, além de suas próprias imperfeições, das quais o Espírito deve se despojar, o homem tem ainda que lutar contra a influência da matéria?

– Sim, quanto mais é inferior mais os laços entre o Espírito e a matéria são unidos; não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre única em cada ser. A alma do animal e a do homem são distintas uma da outra, de modo que a alma de um não pode animar o corpo criado para a outra. Mas, ainda que o homem não tenha alma animal que, por suas paixões, o nivele aos animais, tem o corpo que muitas vezes o rebaixa a eles, porque seu corpo é um ser dotado de vitalidade, que tem instintos, porém ininteligentes e limitados ao cuidado de sua conservação.

"O Espírito, ao encarnar no corpo do homem, traz o princípio intelectual e moral que o torna superior aos animais. As duas naturezas que existem no homem dão às suas paixões duas origens diferentes: uma vem dos instintos da natureza animal, outra das impurezas do Espírito encarnado e que simpatiza mais ou menos com a grosseria dos apetites animais. Purificando-se, o Espírito se liberta pouco a pouco da influência da matéria. Submisso a essa influência, se aproxima da brutalidade; despojado dela, se eleva à sua verdadeira destinação."

606. De onde os animais tiram o princípio inteligente que constitui a espécie particular de alma, da qual são dotados?

 Do elemento inteligente universal.

606.a A inteligência do homem e a dos animais vêm de um princípio único? 

– Sem dúvida. Mas no homem ela recebeu uma elaboração que o eleva acima do animal. 
607. Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado semelhante ao da infância da vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e ela ensaia para a vida. (Veja a questão 190.) Onde o Espírito cumpre essa primeira fase? 

– Em uma série de existências anteriores ao período que chamais humanidade. 

607.a Assim, pode-se considerar que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da Criação?

– Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, individualiza-se pouco a pouco e ensaia para a vida, como já dissemos. É, de algum modo, um trabalho preparatório, como a germinação, em que o princípio inteligente sofre uma transformação e torna-se Espírito. É então que começa o período da humanização e com ela a consciência de seu futuro, a distinção entre o bem e o mal e a responsabilidade de seus atos. Assim como depois da infância vem a adolescência, depois a juventude e, enfim, a idade adulta.Não há, além disso, nessa origem nada que deva humilhar o homem. Será que os grandes gênios se sentirão humilhados por terem sido fetos em formação no seio de sua mãe? Se alguma coisa deve humilhá-lo é sua inferioridade perante Deus e sua impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regem a harmonia do universo.Reconhecei a grandeza de Deus nessa harmonia admirável que faz com que tudo seja solidário na natureza. Acreditar que Deus pudesse fazer alguma coisa sem objetivo e ter criado seres inteligentes sem futuro seria blasfemar contra sua bondade, que se estende sobre todas as suas criaturas.

607.b Esse período de humanização começa na nossa Terra?

 A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana; o período de humanização começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores; entretanto, essa não é uma regra geral, e poderia acontecer que um Espírito, desde o começo de sua humanização, estivesse apto a viver na Terra. Esse caso não é freqüente; é, antes, uma exceção.



(1)   As perguntas feitas aos Espíritos e as repostas destes estão em grifo. As notas de Allan Kardec estão entre aspas. 

30 de jan. de 2016

601 a 604-a LIVRO DOS ESPÍRITAS - OS TRÊS REINOS


Capítulo  XI

Os Três Reinos
 Os Animais e o Homem 

Espírito do animal é classificado, após a morte, pelos Espíritos incumbidos disso e utilizado quase imediatamente: não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas. 


601. Os animais seguem uma lei progressiva como os homens? (1)

— Sim, e é por isso que nos mundos superiores onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios de comunicação mais desenvolvidos. São, porém, sempre inferiores e submetidos aos homens, sendo, para estes, servidores inteligentes. 
Nada há nisso de extraordinário. Suponhamos os nossos animais de maior inteligência, como o cão, o elefante, o cavalo dotados de uma conformação apropriada aos trabalhos manuais. O que não poderiam fazer, sob a direção do homem? 


602. Os animais progridem, como o homem por sua própria vontade, ou pela força das coisas? 

— Pela força das coisas; e é por isso que, para eles, não existe expiação. 

603. Nos mundos superiores os animais conhecem a Deus? 

— Não. O homem é um deus para eles, como antigamente os Espíritos foram deuses para os homens. 

604. Os animais, mesmo aperfeiçoados nos mundos superiores, sendo sempre inferiores aos homens, disso resultaria que Deus tivesse criado seres intelectuais perpetuamente votados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade de vistas e de progresso que se assinalam em todas as suas obras?

— Tudo se encadeia na Natureza por liames que não podeis ainda perceber, e as coisas aparentemente mais disparatadas têm pontos de contato que o homem jamais chegará a compreender no seu estado atual. Pode entrevê-los por um esforço de sua inteligência, mas somente quando essa inteligência tiver atingido todo o seu desenvolvimento e se libertado dos prejuízos do orgulho e da ignorância poderá ver claramente na obra de Deus. Até lá suas idéias limitadas lhe farão ver as coisas de um ponto de vista mesquinho. Sabei que Deus não pode contradizer-se e que tudo, na Natureza, se harmoniza através de leis gerais que jamais se afastam da sublime sabedoria do Criador. 

604-a. A inteligência é assim uma propriedade comum, um ponto de encontro entre a alma dos animais e a do homem?

— Sim, mas os animais não têm senão a inteligência da vida material; nos homens, a inteligência produz a vida moral. 

(1) As perguntas feitas aos Espíritos estão em letras normais e as repostas destes estão em grifo.